A Faculdade de Comércio da Universidade de Valladolid acolheu em 30 de novembro de 2018 o Congresso Internacional TIMMIS 2018, destinado a abordar diferentes debates sobre os valores que este projeto europeu personifica na Cátedra de Comércio Externo. Ou, como bem se pode resumir em palavras da antropóloga cultural Margaret Mead, “nunca se deve duvidar de que um pequeno grupo de pessoas empenhadas seja capaz de mudar o mundo. Com efeito, só isso pode consegui-lo”. A diretora de projetos da Câmara Oficial de Comércio, Indústria e Serviços de Valladolid, Ana Atienza, conduziu um ato que foi desenvolvido desde as 9:00 horas até às 13:30 na Aula Magna Rector Tejerina e perante um público que somou mais de 140 pessoas.
O diretor da área de Transferência e Inovação da Universidade de Valladolid, Enrique Baeyens Lázaro, esteve encarregado de dar as boas-vindas a este ato, qualificando como “uma honra” ter sido convidado e sublinhando o papel da Faculdade de Comércio “no enorme interesse e no grande envolvimento” em atividades vinculadas ao empreendimento. A colaboração entre diferentes agentes, o desenvolvimento de ideias em fase de pré-incubação empresarial e as competências transversais foram alguns dos valores TIMMIS destacados no discurso inaugural do congresso.
Após a intervenção de Baeyens, Ana Atienza passou a palavra ao professor Augusto Cobos, membro da Equipa Académica da Cátedra de Comércio Externo, que estabeleceu paralelismos entre os fatores de êxito que compõem as séries de televisão e os projetos de cooperação. Para ele, esta é uma trama protagonizada por estudantes numa viagem de maturidade desde a segurança até um mundo incerto e arriscado, que na sua segunda temporada resgata linhas argumentais prévias, abre novas, despede lamentavelmente para si importantes pilares, como o nosso falecido Adriano Pires, e arrisca para renovar tendo em vista um terceiro grupo: “Embora esteja tudo inventado, na inovação quando se trata de contar as nossas histórias ou o talento dos atores são a chave para o êxito: adaptar ao contexto atual o que teve êxito noutro âmbito espacial ou temporal”. Por isso, o professor pôs a seleção de pessoas à frente das ideias, com especial insistência nos projetos de entrevistas e descoberta de habilidades, e pediu que, para o próximo ano, se dê mais importância aos tutores: “Aproveitar-se-ia mais a sua força e o seu impulsionamento, são como os atores secundários que com a sua mera presença podem levantar um projeto”.
Em última análise, Cobos expôs o passado, o presente e o futuro do projeto europeu Interreg Poctep 0422_TIMMIS Empreendedorismo, uma iniciativa que empreendeu a sua caminhada no último curso com dez grupos (este ano soma dezasseis) e que se dedica à criação de ideias em fase de pré-incubação empresarial apoiadas por instituições públicas e privadas, mediante equipas compostas por estudantes – provenientes da UVa e do Instituto Politécnico de Bragança, principalmente – de diferentes disciplinas e nacionalidades.
EMPREENDIMENTO E ASSOCIATIVISMO, EM DEBATE
A primeira mesa redonda, realizada sob o nome ‘Empreendimento individual vs. Empreendimento em equipa’, foi moderada pelo decano da Faculdade de Comércio, José Antonio Salvador Insúa, e foi composta por Elisabete Ferreira, primeira executiva da Pão de Gimonde; Belén Blanco, diretora geral das Industrias J. L. Blanco; Víctor Ortega, gerente da Five Flames, e Sandra López, cofundadora da Pencil Ilustradores. Nela foi abordado o germe da vocação no empreendimento, os mitos e lendas negras em torno destas iniciativas empresariais, as diferentes vantagens nas suas diversas formas ou o papel dos trabalhadores de cada empresa face a um projeto nascido com perspetiva internacional.
Ferreira sublinhou a importância da equipa no empreendimento: “Termos um grupo multidisciplinar que nos apoie é fundamental para empreendermos. Se quiser melhorar a qualidade dos meus processos ou produtos, necessito de contar com eles”. Belén Blanco, pela sua parte, insistiu que “o binómio homem-mulher soma”, e López e Ortega compartilharam os principais escolhos que encontram quando se trata de empreender: ambos estiveram de acordo quanto à dificuldade necessária de se saber encontrar o sítio de cada um; ela, como empresa nova num setor emergente há mais de quinze anos, e ele, a tentar vencer, além disso, os inevitáveis complexos de inferioridade.
Em seguida teve lugar o segundo debate do Congresso Internacional TIMMIS 2018, com o lema ‘Associativismo como via de crescimento empresarial’. Sob a batuta de Juan Carlos de Margarida, presidente da Ordem dos Economistas de Valladolid, o encontro contou com a participação de Víctor Caramanzana, presidente da Câmara de Comércio de Valladolid, Isabel Clavero, delegada territorial do ICEX em Castela e Leão, e Ramón Gascón, em representação do presidente do Clube de Exportadores.
Caramanzana, máximo responsável de um organismo que é simultaneamente beneficiário deste projeto europeu, destacou: “Uma associação tem o interesse claro de defender os seus associados. A Câmara tem um objetivo semelhante: queremos que as empresas da sua demarcação sejam mais competitivas”. Para ele, os grandes desafios do futuro passam pela globalização, digitalização e respeito pelo meio ambiente. Pelo seu lado, Gascón defendeu que acredita no associativismo: “Embora exista uma concorrência, que é sempre saudável, a partilha dos problemas só proporciona, nunca retira”. Clavero, finalmente, destacou que para o desenvolvimento de produtos, serviços e processos de crescimentos “a associação é fundamental; saindo para o exterior, tornamo-nos mais fortes”. Neste espaço também interveio, a partir do público, o embaixador Javier Jiménez Ugarte, mentor externo do projeto TIMMIS, que falou sobre o organismo Marca Espanha, hoje conhecido como Espanha Global.
VOCAÇÃO DE CRIAR EMPRESAS
O Congresso Internacional TIMMIS 2018 encerrou a sua coleção de atos com uma conferência magistral sobre empreendimento com visão internacional a cargo de Ramón Pau, especialista e formador em comércio externo e CEO na Funtraders; em substituição do inicialmente previsto Guillermo Rivas-Plata Garay.
De acordo com a conferência de Pau, os pilares básicos no empreendimento são o entusiasmo e a paciência, fundamentais para o desenvolvimento do projeto e a avaliação dos riscos. Este último passo é, além disso, essencial quando se trata de tomar a decisão de dar este passo importante, que não se deve completar sem qualidades básicas: honestidade, boa comunicação, generosidade, criatividade, ambição, etc.
Pau proferiu diferentes conselhos para futuras pessoas empreendedoras: não pôr travões em idade ou em falta de capital, ter bem claro que o produto deve solucionar uma necessidade, desenvolver estudos de potenciais clientes, assumir a competência e não ter medo de abandonar o ninho: «Deve-se sair» – convidou.
A despedida ficou a cargo das duas diretoras da Cátedra de Comércio Externo, a Drª./Dª. Beatriz Fernández, e a presidente da Exportun, Patricia Sanz, que agradeceram às instituições públicas e privadas presentes pela sua cumplicidade com o projeto, aos mentores internos e externos de cada equipa pelo seu envolvimento, aos beneficiários pela sua participação, ao Interreg Poctep por acolher e financiar este projeto europeu com fundos FEDER, e à comunidade tutora e estudantes por confiarem e se entusiasmarem em cada uma das equipas TIMMIS. Ambas estiveram de acordo no que respeita a que estes avanços iam dando corpo àquilo que «ontem eram ideias, hoje são projetos e, talvez amanhã, possamos chamar empresas».
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